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Lesão Ligamentar do Tornozelo

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Imagem: microgen, de envatoelements

A entorse de tornozelo é uma lesão extremamente comum na prática esportiva e ocorre, principalmente, em esportes envolvidos em giro, corte, drible e desaceleração brusca, como por exemplo, o futebol, vôlei, basquete, tênis e algumas lutas. O mecanismo ocorre com o pé preso ao solo, tornozelo em flexão, extensão e o corpo girando para a direita, ou esquerda. A lesão pode resultar tanto em fraturas, acometendo principalmente a Fíbula e a base do 5º metatarso, quanto em lesões ligamentares e de tendões. A estrutura envolvida e o grau da lesão dependerão, obviamente, da posição do pé e tornozelo e a energia cinética envolvida.

Tratamento na fase inicial
Ocorrida a entorse, seguem-se os sinais cardinais da reação inflamatória: dor, inchaço e perda da capacidade de suporte de peso. Por este motivo, independente da severidade da entorse, deve-se proteger, elevar e colocar gelo no tornozelo. Orienta-se 20 minutos, sem contato direto com a pele. Uso de bolsas cryocuff é recomendável. Imobilização com órteses tipo robofoot facilitam a higiene. Em todos os casos, o uso de um par de muletas e a retirada total do peso no membro afetado é imprescindível.

O dignóstico da Lesão Ligamentar do Tornozelo
Suspeita-se da lesão ligamentar do tornozelo e de sua gravidade pelo quadro clínico. Em geral, grandes inchaços, hematomas extensos e incapacidade fazem pensar não só em rupturas ligamentares graves, mas também em lesões associadas, como a luxação (deslocamento) de tendões, lesão cartilaginosa e ruptura da cápsula (membrana) articular. O exame considerado gold standart para avaliar a lesão é a Ressonância Nuclear Magnética. Sendo bem feita, mostra o ligamento lesado e o grau de ruptura.

Em geral, o ligamento denominado talofibular anterior é o mais acometido. Em ordem de frequência, segue-se o calcaneofibular e o talofibular posterior. O grau de ruptura é também importante ser avaliado. Denomina-se grau I quando ocorre lesão apenas na matriz celular, com perda e desorganização das fibras colágenas. O grau II é caracterizado por ruptura parcial. As fibras alongam-se, mas não se rompem. No grau III, ocorre ruptura de todo o ligamento e, geralmente, há lesão de outras estruturas, pois é causada por entorses de alta energia cinética.

Na parte interna do tornozelo, o ligamento denominado deltóide é o mais acometido. Esta estrutura possui duas porções: uma mais superficial e outra mais profunda. Esta última, quando acometida, evolui com instabilidade.

Casos crônicos, em geral na população feminina, cursando com dor, entorses de repetição e falta de confiança no tornozelo durante a deambulação, corrida, subida de escadas, de maneira geral, possuem desequilíbrio muscular entre a musculatura inversora, eversora, flexores e extensores do tornozelo. Quando possível, estes casos necessitam de avaliação isocinética.

O prognóstico
Independente do grau da lesão ligamentar do tornozelo, invariavelmente há enfraquecimento da musculatura do tornozelo, em especial dos extensores e eversores, responsáveis pela extensão e rotação lateral do tornozelo, movimento denominado pronação. Havendo perda de força muscular, haverá também desequilíbrio, predispondo o indivíduo a novos entorses.

Embora os ligamentos do tornozelo tenham excelente potencial de cicatrização, a persistência da dor é um fator limitante, em especial em mulheres habituadas a usar salto alto. É comum haver crises intermitentes de dor, muitas vezes obrigando o indivíduo a restringir atividades da vida diária.

Um outro problema comum nas entorses é a perda do tato profundo, com comprometimento da coordenação motora, também chamada propriocepção. Em outras palavras, existe dificuldade dos receptores tendíneos e capsulares informarem o centro de coordenação motora do sistema nervoso central. Isto pode não afetar atividades da vida diária, mas para esportes de drible, giro e desaceleração, poderá haver comprometimento da performance, com perda da confiança do atleta em seu tornozelo e com a possibilidade de novos entorses.

O tratamento para Lesão Ligamentar do Tornozelo
Felizmente, a grande maioria das lesões ligamentares do tornozelo, se corretamente diagnosticadas e tratadas, evoluem. A regra é tratar a dor e a inflamação, em seguida restabelecer propriocepção, força e equilíbrios musculares e, por fim, realizar treino de pliometria (explosão muscular), que pode ser feito por treinadores experientes com amplo conhecimento da lesão. Esta última fase é de crucial importância para quem pratica atividades de mudança brusca de direção como a capoeira, futebol, vôlei, basquete, entre outros. Casos crônicos, de maneira geral, beneficiam-se com o fortalecimento isocinético.

Indicações cirúrgicas são raras. Em longo prazo, observou-se que as pessoas submetidas à reconstrução ligamentar e as tratadas sem cirurgia tiveram a mesma evolução. As exceções se fazem nos seguintes casos:
-Atletas de alto desempenho, devido à necessidade da rápida reabilitação e retorno ao esporte;
-Casos de dores crônicas, com dificuldade de realização de atividades da vida diária;
-Falha após tratamento fisioterápico correto;
-Lesão da porção profunda do ligamento Deltóide;
-Lesões de outras estruturas após entorse, incluindo fraturas, lesão cartilaginosa do tornozelo, rupturas e luxações.

fonte: Dr. Adriana Leonardi