A Oncologia Ortopédica, ou Ortopedia Oncológica, é uma subespecialidade da Ortopedia e Traumatologia. É uma área que trata os pacientes com neoplasias originadas nos ossos, mas também que vêm de outros órgãos e que, com a evolução, disseminam-se para os ossos. Além das lesões ósseas, o ortopedista oncológico também trata as demais lesões tumorais, incluindo as que surgem nos músculos, tendões, nervos, tecido gorduroso, vasos sanguíneos, dentre outros. Para falar um pouco sobre esta importante especialidade, convido o doutor
Marcelo Peixoto, ortopedista oncológico do Grupo Oncoclínicas.
Como ocorre a formação do onco-ortopedista?
Para se tornar onco-ortopedista, o médico deve cursar três anos de residência médica em ortopedia e traumatologia e, posteriormente, mais dois anos de oncologia ortopédica, totalizando cinco anos de dedicação em tempo integral. Essa formação inclui atividades ambulatoriais no atendimento dos pacientes, cirúrgicas, científicas, dentre outras.
Qual a importância da inserção deste profissional na equipe multidisciplinar que trata do paciente oncológico?
As queixas ortopédicas são extremamente comuns nos pacientes oncológicos, mesmo naqueles em que o tumor em questão não surgiu no osso, tendo grande impacto negativo na qualidade de vida dos mesmos. Devemos lembrar que toda queixa ortopédica em um paciente oncológico tem a possibilidade de estar associada ao quadro oncológico em questão, portanto esse paciente deve sempre ser submetido à avaliação do ortopedista oncológico para o diagnóstico e tratamento correto.
Devemos sempre lembrar o quão complexo é o tratamento dos pacientes oncológicos, sendo imprescindível a presença de uma equipe multidisciplinar, com profissionais bem treinados em suas respectivas áreas e que mantenham comunicação entre si para discussão das situações clínicas dos pacientes, sempre com o objetivo de atingir o melhor resultado possível no tratamento.
Qual o tipo de tumor ósseo mais frequente nos adultos?
É extremamente importante ressaltarmos que nem todo tumor é maligno, ou seja, câncer. Portanto, existe uma grande quantidade de tumores ósseos benignos, que inclusive são mais comuns que os malignos. Um dos mais comuns é o osteocondroma.
Já os tumores ósseos malignos são divididos entre primários, aqueles que surgem no próprio osso, e secundários, os que surgem em outros órgãos e se espalham para os ossos. Considerando os que surgem no osso, o mieloma múltiplo é o mais comum, seguido do osteossarcoma e condrossarcoma.
Em relação aos que se originam em outros órgãos e se disseminam para os ossos, temos como principais locais de origem, os tumores de mama, próstata, pulmão, rim e tireóide. No entanto, os demais tumores originados em outros órgãos, que não os citados acima, também têm o potencial de disseminar para os ossos, sendo importante ressaltar que o sistema esquelético é o terceiro local mais acometido pelas metástases, ou seja, tumores que se espalham de um local para o outro.
E nas crianças?
Nas crianças, o tumor ósseo benigno mais comum também é o osteocondroma, e o tumor ósseo maligno mais comum o osteossarcoma. Importante lembrar que o osteossarcoma ocorre mais comumente na segunda década de vida, tem como principal localização a região do joelho e os sintomas mais comuns são dor e surgimento de massa palpável.
Quando procurar o ortopedista-oncológico?
É extremamente importante chamar a atenção do leitor neste ponto, pois ir ao ortopedista oncológico não é sinônimo de estar com câncer. Muito pelo contrário, já que, como citado anteriormente, os tumores benignos são bem mais comuns que os tumores malignos. No entanto, também devem ser acompanhados de perto pelo ortopedista oncológico. Portanto, caso haja surgimento de qualquer aumento de volume, nodulação ou massa palpável, dor que não passa, ou exame de imagem (como exemplo o RX) com lesões suspeitas, o ortopedista oncológico deve ser procurado.
fonte: Portal UAI, escrita por Carolina Vieira